Gostaria muito de saber o que estaria pensando Elvis Presley na véspera de 16 de agosto de 1977. Só sei que, neste dia, ele foi ao dentista, no final da noite, e jogou squash antes de seu último sono em vida. Mas, antes da partida, sentou-se ao piano que fica próximo à quadra e tocou a música “Blue Eyes Crying In The Rain”, do disco “From Elvis Presley Boulevard Memphis Tennesse”, de 76, para amigos. Foi sua última performance.
Como tinha sérias dificuldades para dormir, Elvis acabava trocando o dia pela noite. Pobre de quem tinha que servi-lo (coitado do dentista) ou, até mesmo, o bajular. Durante os anos 70, o Rei fechava a sala de projeções do Memphian Theater para comandar suas sessões cinematográficas, quando, na maioria das vezes, assistia a filmes de caratê. Vale lembrar que o cantor praticou a arte marcial por 20 anos, chegando a se graduar no oitavo Dan de faixa preta. Mas na noite do 15, Elvis resolveu ficar em casa. Naquele mesmo dia, segundo seu assistente de palco, Charlie Hodge – conhecido por entregar os lenços no palco –, o ídolo estava entusiasmado com seu projeto de abrir uma produtora de filmes, quando se dedicaria a atuar, apenas em papéis dramáticos, e dirigir. O Rei chegou a iniciar seu primeiro documentário, que abordaria o caratê. Equipes de filmagem foram mandadas à Europa para registrar campeonatos mundiais. Alguns takes podem ser conferidos no filme póstumo “Elvis, ídolo imortal” e no documentário “Elvis by the Presley”, lançado há poucos anos.
Sua namorada na época, a jovem e bela Ginger Alden, disse que Elvis só conseguiu dormir por volta das 9h da manhã do dia 16. Ela ainda pediu para que ele não abusasse do uso dos calmantes para dormir. A resposta foi algo do tipo “está tudo sob controle”. Ginger escutou Elvis acordar. Ela conta que o namorado pegou um livro e foi ao banheiro. Alden ainda fez uma brincadeira: “Não vá dormir no banheiro enquanto lê o livro.” E Elvis respondeu: “Pode deixar.” Estas foram suas últimas palavras. Presley continuou no banheiro enquanto ela voltava a adormecer.
Assim que abriu os olhos na enorme cama de tecido marrom do quarto do Rei, Ginger Alden chamou por Elvis. Não tendo resposta, ela prontamente se levantou e foi ver o que estava acontecendo, já imaginando que o cantor tivesse pegado no sono. Mas ao abrir a porta, a jovem se deparou com o astro desmaiado. Rapidamente, Ginger chama pelo road manager Joe Esposito, que, ali, fez a primeira tentativa de “trazê-lo” de volta. A ambulância foi chamada. Apesar de os paramédicos terem prestado socorro e das tentativas de reanimá-lo no Hospital Batista de Memphis, acredita-se que Elvis já fora encontrado morto. Às 15h30, horário da cidade, foi anunciado o falecimento de Elvis Aaron Presley. A autópsia revelou óbito por arritmia cardíaca, além de ter sido observado aumento no volume do fígado.
Antes da queda fatal, o que será que passou pela cabeça de Elvis Presley? Ao sentir a forte dor no peito, o Rei talvez tenha se apavorado com a sensação de que aqueles eram os últimos momentos de sua existência. E, infelizmente, de maneira precoce, foram. Aos 42 anos, Elvis morria na tarde de 16 de agosto de 1977. A partir daquele dia, o mito se eternizava. O resto é história...
Poucos sabem que, de certa forma, Elvis já imaginava que não viveria por muito tempo, tanto que no mesmo ano de seu falecimento, já havia preparado um testamento, em que os principais beneficiários foram seu pai, Vernon, e Lisa Marie Presley, sua única filha. No reveillon de 76, Elvis Presley realizou um show de fim de ano em Pittsburgh. Após o concerto, o Rei confidenciou a pessoas próximas, como o cantor de apoio J.D. Sumner, que achava que sua morte estava se aproximando. Como tinha uma forte espiritualidade, o cantor já teria sinais de que sua passagem estava se completando.
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