Um dia eu conheci uma garota. Ela era triste. Fraca. Sozinha. Mas seus olhos eram lindos. Tinham um brilho diferente de qualquer outro… Um dia essa garota se mostrou machucada. Segurava seu coração estraçalhado em mãos, como se a dor já não coubesse mais no peito. Ela mirou seus olhos em mim e sussurrou algumas palavras. Palavras de choro misturadas com um pouco de esperança. De saudade. De nostalgia. Morfina. Acho que estava mais pra um emaranhado de letras; todas juntas, bagunçadas e perdidas. “Tá vendo isso aqui? Não me serve mais.” Apontou para o coração. Uma lágrima solitária fugiu de seus olhos. Tão sozinha quanto ela. Sorriu de lado e abaixou a cabeça; quando voltou a me fitar, o olhar já não brilhava mais. Aquela beleza havia ido embora, que nem maré. Vem em noites de lua cheia e depois já nem liga mais. Some de uma hora pra outra. E assim aconteceu. “Eu quero a minha lua cheia… Eu quero motivos, razões”. Ela queria algo que já não tinha mais. Queria amor. Queria tardes ensolaradas e noites de sexta-feira chuvosas. Queria só estampar um sorriso no rosto. Verdadeiro dessa vez. […] Nesse dia, essa mesma garota mudou. Colheu os restos do que chamava de coração e congelou de vez. Fria. Egoísta. Imprudente. Ela já não era mais a mesma. E se quer saber, às vezes eu sinto saudade de seus olhos brilhantes. Às vezes eu bem queria voltar atrás só pra ser capaz de vê-los novamente. Saudade do que ela era. Do que eu era. Saudade dos meus olhos… Do meu coração !