"Nasci dura, heróica, solitária e em pé...
E encontrei meu contraponto na paisagem...
Sem pitoresco e sem beleza...
A feiúra é o meu estandarte de guerra...
Eu amo o feio com um amor de igual para igual...
E desafio a morte...
Eu – eu sou a minha própria morte...
E ninguém vai mais longe...
O que há de bárbaro em mim...
Procura o bárbaro e cruel fora de mim...
Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas...
Que vacilam às chamas da fogueira...
Sou uma árvore que arde com duro prazer...
Só uma doçura me possui:
A conivência com o mundo...
Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego...
É o mínimo que posso fazer de minha vida:
Aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite..."
[Clarice Lispector]