A Igreja está doente e, o estar doente, deve-se a uma alteração do seu estado de saúde, causado por diversos factores tanto espirituais, como físicos. Daí, a Igreja sofrer duplicadamente.
Assim como não é difícil, hoje, através de análises e exames clínicos, chegar-se a conclusões definidas, quanto aos males que afligem a sociedade, assim também O Espírito Santo tudo está revelando, nada escondendo, quanto ao que se passa com a Igreja (porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto) Mt.10:26. Já no seu tempo, o apóstolo Paulo denunciava males, que ainda hoje são frequentes na Igreja e que em muito a têm abalado.
I Co.11:30 diz, "Por tudo isto é que há entre vós, muitos doentes, muitos fracos e muitos que dormem". A expressão, "por tudo isto", significa abundância de factos, pluralidade de casos, que infelizmente se têm sobressaído, no decorrer do tempo, mas pela parte negativa.
Não há nada de novo nesta vida, "O que é já foi e, o que já foi é o que há-de ser..." (Ec.1:9). Por tudo isto se nota que a Igreja continua enfraquecida e a revelar negligência. Tem nome que vive e está morta (Ap.3:1). Aos olhos do mundo, a Igreja está no auge, tem tudo, de nada tem falta (Ap.3:17), mas, aos olhos do Senhor tudo é nu e patente, e as suas revelações são bem contrárias. Em Lucas o Senhor, questiona "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" (Lc.18:8). A iniquidade aumentada esfria o amor (Mt. 24:12.13). "Onde estiverem dois ou três" (Mt.18:20) significa que os do Senhor, são em número reduzido, "não temas ó pequeno rebanho" (Lc.12:32), "ainda que o povo seja como a areia do mar, o remanescente é que é salvo" (Ro.9:27 Is.10:22). Todas estas afirmações realçam a verdade incontestada de Mt.7:21, "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!, entrará no Reino do Céu, mas aquele que faz a vontade de meu Pai...".
A Igreja esconde males profundos, não é o que parece. Há no entanto, na Palavra de Deus, conhecimentos da sua misericórdia e benignidade, que são imensas (Sl.86:5 145:8, etc.), e isto quer dizer que há soluções para todos os males, não através de dietas e fármacos mas, na ilimitada Graça do Senhor, onde abunda o pecado, superabunda a graça (Rm.5:20).
Para dar ênfase à expressão "por tudo isto", menciona-se apenas três passagens, das inúmeras existentes, e fala-se da família como comparação à Igreja (metáfora).
1.ª Passagem e comentário:
"Estas seis coisas aborrecem o Senhor, e a sétima coisa a sua alma abomina: ... que é o que semeia contendas entre os irmãos" (Pv.6:16-19). Estes seis predicados ou qualidades, sendo negativos, não são tão nefastos como o sétimo predicado ou qualidade, porque se refere à família (entre irmãos).
O casamento é uma instituição de Deus (Gn.1:2-8). Daí a família ser uma bênção de Deus para o mundo, também, uma força, uma união, onde reina o amor, a paz, a compreensão, onde existe a unanimidade, a franqueza, a harmonia e o respeito. A família rege-se pelos bons costumes e preza ser o espelho e o exemplo na sociedade, mas, havendo contendas nota-se instabilidade, a desordem, mesmo até, a desintegração. A falta de confiança produz dúvida e a união dá lugar a individualidade. Todas estas coisas provocam derrotas e semeiam contendas entre Irmãos: é mostrar mau estar, é dar mau testemunho, criar desonra são abominação para o Senhor.
2.ª Passagem e comentário:
"O Irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como os ferrolhos de um palácio" (Pv.18:19). Esta situação está a ser frequente no seio da família. E uma das causas das contendas é a dureza de coração. No caso de José, foi a inveja a causadora daquela atitude tomada pelos seus irmãos (Gn.37:3-4). No caso dos pastores de Abraão, coisas há, e às vezes tão simples, que parecendo ter solução fácil, se transformam em dificuldades (Gn.13:7). A passagem de Pv.17:1 faz-nos ver que, é melhor a tranquilidade sem nada, do que muita fartura com contenda. Novamente em Pv.10:22 diz que a bênção do Senhor é que enriquece e não acrescenta dor. Contudo, há ferrolhos que só uma demolição os pode fazer abrir, assim como, na tomada de uma cidade, há barreiras muito difíceis de transpor.
Mas a dureza de coração ultrapassa todas estas situações. Há irmãos que, embora ofendidos, sabem perdoar e esquecer. Outros hão que, mesmo sendo uma ofensa pequena, fazem-na empolar para que a razão se torne mais volumosa. Os mais transgressores são por vezes os mais queixosos. Não há nada melhor que um reconhecimento de culpas e uma reconciliação para se alcançar bênção (Pv.28:13).
3.ª Passagem e comentário:
“Mas ele se indignou, e não queria entrar e, saindo o pai instava com ele” (Luc.15:28).
Diótrefes, não recebia os irmãos (III Jo.9). Desejava o primado (o que hoje se chama líder), auto-elevava o seu ego. Saul, não suportava a presença de David (I Sm.18:7-11), a inveja assim o permitia. Estes predicados em nada são bons na vida da Igreja, mas são notórios. Quanto ao irmão do pródigo, ele denuncia o seu carácter através da decisão tomada, preferia não encarar o irmão. Depois destas simples análises, porque podia, e pode ser acrescentada, há a palavra do Senhor, pela qual podemos tirar todas as ilações, para todos estes procedimentos. Podem não ser fáceis, mas serem eficazes. “Por tudo isto”, ou por causa disto como diz I Co.11:30, torna-se necessário entrar na parte prática.
Para isso, estas passagens são algumas das muitas existentes na Palavra de Deus; simples, conhecidas e de grande significado espiritual, mesmo sendo pouco avaliadas, encerram verdades práticas que podem, em muito, trazer alívio, tanto à alma como ao coração:
1)Mt.5:23-24 - Se o teu irmão tem qualquer coisa contra ti, sê tu a declarar a tua falta e não outro: confessa e reconcilia-te;
2) Ef.4:26 - I Corínt. 13:4 - Não se ponha o sol sobre a tua ira. O amor é paciente, é benigno;
3) Fp.2:3 Prov. 22:4 - Cada um considere os outros superiores a si mesmo. A humildade é um galardão e o temor uma honra;
4) Mt.5:14-16 - Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para glória do nome de Deus: vós sois a luz do mundo;
5) I Jo.3:18 - I Pedr.1:22 - Amemos os irmãos, não de palavra mas de coração. O amor vence todas as coisas.
O Senhor ama o seu povo (Jo.13:34) e o vai amar até ao fim (Jo.13:34), mas aprecia a fidelidade para com Ele (Pv.3:3). Neste caso de fidelidade, a passagem mais elucidativa, encontra-se em Ct.8:5. Esta que caminha tão aprazivelmente encostada ao seu amado quem é, senão a amada, a Igreja! (metáfora).
Aquele que O conhece e fala d'Ele desta maneira: “ O meu amado é todo desejável, e o seu falar é suave” (Ct.5:16). Ele, o Amado, também fala da amada “a tua voz é doce e o teu rosto aprazível” (Ct.2:14). “A tua beleza é como a palmeira” (Ct.7:7). Esta intimidade descreve o romance mais amoroso e mais vivo, jamais vivido neste mundo: Jesus Cristo, O Amado, amou e ama a sua Igreja ao ponto de dar a sua vida por ela (Ef.5:25-27). Ela, a Igreja, reconhece que toda a sua vivência depende do Amado (Jo.15:5). Nesta analogia de sentimentos, o que mais nos regozija e honra é sermos o reflexo (imitadores) do Senhor (Ef.5:1-2). Dando o Senhor a Sua Vida por nós, nós devemos também dar a vida pelos irmãos (I Jo.3:16), “porque qual Ele é, somos nós também neste mundo” (I Jo.4:17).
Quando amamos o Senhor que não vemos, amamos também os irmãos a quem vemos (I Jo.4:20-21).
Continua...