ENCONTRO COMIGO
Pus-me a analisar-me.
Diante de uma flor esbranquiçada
observei-me nela e revi minha história...
Quanto tempo!
Quanta história teria a contar
não fora tantos sonhos perdidos no tempo...!
Analiso-me. E entre acertos e tropeços
reviro-me do avesso.
Uma mistura de sonhos vãos
faz a história da minha vida,
E me faz ver nessa flor esbranquiçada
os sonhos que se perderam e que
sonham em se reencontrarem.
Quanto tempo!
Muitos anos já se vão na história de mim
desde que pude alcançar com a mão
esse tempo que me faz perdido.
Analiso-me.
Inquieto-me.
Revelo-me.
Na distância entre o sensato
e o improvável me vejo assim:
Quem sou?
Minha história já não há!
Não há história a contar!
O tempo se esvaiu e com ele
tudo o que julgava sensato e provável.
Me resta o só, a solidão.
E já não consigo alcançar com a mão
minha história, o que sou.
E entre sonhos perdidos
nenhuma vida a contar...
mas flor esbranquiçada continua lá:
Linda e formosa, como sempre.
(MARCO MOTTA)
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