Ao sair para o trabalho, você dá uma passada para deixar as crianças na escola e, já atrasado, pára na fila interminável de carros diante do colégio. Acidente, obra? Nada disso - apenas um outro pai, que, também atrasado, "estacionou" o veículo no meio da rua. Irritado, buzina e maldiz gerações inteiras do sujeito; mas, já que está muito atrasado, faz a mesma coisa. Formou-se uma fila tripla, e agora você é que é o alvo da ira alheia. Em meio à confusão, fica difícil atravessar a rua - na sua pressa, você e os outros motoristas acabam colocando a vida de seus próprios filhos em risco.

Imagine, agora, milhares de situações como essa e outras igualmente irritantes ou perigosas nas ruas da Grande Vitória, diariamente. Alie, a isso, o crescimento recorde da frota no Estado, que em março ultrapassou 1 milhão de veículos. Aquela obra prometida da nova ponte pode até sair do papel; a rua que tinha duas pistas agora tem quatro, mas o trânsito continua ruim como sempre, matando como sempre - será que não está na hora de agir?

Sim, dizem os especialistas. Se cada motorista estacionasse só em locais permitidos, se todos parassem na faixa de pedestre, se andassem na velocidade adequada, o caos seria menor, e também o número de mortos.
Só nos três primeiros meses deste ano foram 4.288 acidentes no Estado. Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Trânsito, em 90% dos casos eles são causados por falha humana, como negligência e imprudência. No ranking das infrações de 2007, o excesso de velocidade reina, seguido de uso do celular ao volante. Dois exemplos de atitudes capazes de tornar o trânsito pior e mais perigoso.
(gazeta online)