Nióbio, o metal polivalente, tem a maior jazida no Brasil
De toda a reserva natural existente no mundo, 96% está em território nacional
O Brasil é o país do nióbio. De toda a reserva natural existente no mundo, 96% está no País, basicamente na cidade de Araxá, em Minas Gerais, que comporta 90% da oferta brasileira. O segundo maior produtor é o Canadá, com apenas 1,5%. Mas quem nunca ouviu falar desse material, não precisa se espantar. Apesar de ser fundamental nas indústrias automobilística e espacial, é pouco citado entre os brasileiros.
O nióbio é usado em foguetes, jatos e armas. A compatibilidade com outros metais possibilita avanços também na área da medicina. Pesquisadores do Laboratório de Metalurgia Física e Solidificação da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Universidade de Campinas (Unicamp) criaram uma prótese total de quadril, feita com a mistura do nióbio e do titânio.
A liga é fundamental para que a prótese não seja rejeitada pelo corpo humano.
O nióbio é biocompatível e possui menor rigidez que o titânio. Quando combinados, os dois formam uma liga que se assemelha ao osso e, portanto, não causa efeitos colaterais aos usuários.
“Juntos, nióbio e titânio criam um coeficiente de calcificação entre 40 e 50. O osso tem coeficiente de 30. Uma prótese de outro material pode calcificar mais facilmente e causar prejuízo aos humanos”, explicou o engenheiro Éder Sócrates Najar Lopes, autor do trabalho.
O protótipo feito com a liga entre nióbio e titânio só foi testado em animais até agora, mas a expectativa é de que os resultados sejam positivos quando colocados em prática. Segundo estudos da Unicamp, 90% dos brasileiros acima de 40 anos sofrerão de degeneração articular e podem precisar de cirurgia. Nesses casos, a prótese fabricada nos laboratórios é um alternativa.
Além de ser menos prejudicial ao corpo humano se comparada com as de aço inoxidável, a liga de nióbio e titânio oferece menor custo de fabricação e, consequentemente, maior disseminação entre os pacientes. “É uma tecnologia que serve também para reduzir custos.
Com o implante de titânio e nióbio, podemos oferecer algo mais acessível e de maior qualidade à população”, disse Lopes.
Apesar da facilidade na construção de próteses, o titânio não é o único metal que pode se beneficiar da disseminação do nióbio na medicina nacional. Segundo o engenheiro, o aço e o ferro são exemplos de substâncias que também têm significativa melhora se entrarem em contato com o metal. “Se adicionarmos uma parcela de nióbio no aço ou no ferro, há um melhor aproveitamento. E a formação de uma liga nacional entre os metais também ajudaria nas descobertas científicas dos próximos anos.”
Novas utilidades
Para o engenheiro da Unicamp, o Brasil poderia aproveitar melhor as suas reservas de nióbio.
Além da aplicação de próteses para o quadril e também joelhos, o metal pode ser utilizado em outras áreas da medicina, sempre misturado com outra substância.
“Estamos utilizando de forma errada. O Brasil foca muito em melhorar a liga do nióbio com o aço, mas existem muitos outros campos de análise.
Por exemplo: se misturarmos nióbio em pó com titânio e fizermos um processo de fusão a laser, é possível construir qualquer tipo de geometria. Poderíamos aplicar na indústria odontológica e também na de cirurgias plásticas”, disse Lopes.
A implementação da prótese produzida em laboratório na Unicamp ainda não tem data para acontecer, mas os testes e a facilidade de adaptação do nióbio ao corpo humano aumentam o otimismo do pesquisador. “Daqui a alguns anos, as próteses podem ser encomendadas pelas pessoas e hospitais em todo o Brasil.”
Mundo depende da produção brasileira
Potências mundiais como Estados Unidos e Japão dependem do nióbio do Brasil. Mas ele pode ser substituído por manganês e vanádio, cujos maiores produtores são África do Sul, China e Rússia. “Trocar o nióbio pelo vanádio é como comer margarina ou invés de manteiga. O nióbio tem mais qualidade, é superior, mas o vanádio pode ser usado em qualquer aplicação”, explicou o economista do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Rui Fernandes Pereira Júnior. O Brasil não exporta o nióbio puro, mas uma liga de ferro-nióbio, informa o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Para o economista, o medo de perder mercado faz com que o Brasil não interfira diretamente no preço. A tonelada da liga é vendida a US$ 26 mil e era o segundo metal mais rentável na pauta de exportação, atrás do minério de ferro, até o ano passado, quando perdeu a posição para o ouro, diz o Ibram. “Se subir o preço, o Brasil pode enfrentar problemas a longo prazo. A perda do mercado pode ser crucial no futuro”. (MB/AAN)
Aplicação na indústria espacial e nuclear
O Brasil produz 70 mil toneladas do nióbio por ano, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral. Ele foi descoberto em 1801, na Inglaterra, por Charles Hatchett, que lhe deu o nome de colúmbio. Anos depois, foi “redescoberto” por Heinrich Rose, ao tentar fragmentar o tântalo. O químico alemão, porém, não se deu conta de que era a mesma substância e o batizou de nióbio, em homenagem à Níobe, filha do rei Tântalo.
O material só começou a ser bastante utilizado no século seguinte. A partir de 1925, substituiu o tungstênio na produção de ferramentas de aço. Anos mais tarde, colaborou na prevenção de corrosão intergranular em aços inoxidáveis. Mesmo assim, o nióbio ainda tinha um alto custo e era utilizado mais como subproduto do tântalo.
A situação só mudou nos anos 50, quando as reservas naturais de nióbio no Brasil e no Canadá foram descobertas. O interesse, a partir disso, só aumentou. Na mesma década, a corrida espacial fez com que cientistas descobrissem o nióbio como o mais leve entre os metais refratários e o usassem em ligas para utilização nas indústrias espacial e nuclear. A aeronáutica também utilizou o produto para o aperfeiçoamento de suas turbinas.
Anos mais tarde, foi a vez de a indústria automobilística se beneficiar das facilidades do nióbio. Com a mistura do metal com o aço carbono comum, criou-se uma microliga usada na fabricação de veículos. A ligação com o aço representa 75% do uso de nióbio no mercado mundial.
Fonte: Correio Popular
Nota:
É Inacreditável isso, detemos o monopólio desse precioso metal e quem regula o preço no mercado internacional não somos nós.
Tem coisas mal explicadas no "ar"...