Sinto-me tão só ...
Eu e esta estranha sensação de toque de recolher
Esta nítida impressão de algo por acontecer
Eu e esta estranha opressão de fora para dentro
Eu, de respiração presa, à mercê das moiras do tempo.
Sinto-me tão só ...
Todas as cordas da alma, tesas!
As frágeis paredes já não detêm a represa
E as águas encapeladas do meu descontentamento
Vazam desordenadas,
Encharcando a várzea soturna das minhas incertezas.
Sinto-me tão só ...
Abandono-me assim, sem resistência
Deixo vazar, deixo alagar, deixo inundar
Solto-me fluida, em passiva aquiescência
Enquanto a várzea encharcada
Bem baixinho rumoreja:
Amar ....
Amar ....
Amar ....
Fátima Irene Pinto
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