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Muitos dirão que é pra frente que se anda, que quem vive de passado é museu, que figurinha repetida não completa álbum e que águas passadas não movem moinho. Eu até concordaria se a vida fosse baseada em informações precisas como um cálculo matemático, ou uma aula de estatística, mas felizmente ela não é, aliás, como muitos gostam de dizer, a vida é uma caixinha de surpresas.

A questão é que geralmente associamos o passado a situações dolorosas, como uma relação que não deu certo, cujo término pesou no coração durante muito tempo, até que o próprio tempo se encarregou de amenizar a dor e com mais tempo ainda eliminou as cicatrizes.  Durante esse meio tempo, vez ou outra choramos baixinho antes de dormir, desejando que o tempo e que o mundo dê muitas voltas, e ele dá, não somente para uma das partes, para todos. Você muda e o outro muda. Pode ser que cresçam e que amadureçam, e tenham aprendido com tudo o que viveram desde a última vez que se viram. E ai? Ai que um dia você acende a luz e percebe que aquele monstro que temeu durante anos, era um amontoado de lembranças velhas e cansadas e que se dissiparam na claridade. Não há mais mágoa ou ressentimentos e por isto deixamos de temê-lo, mas só por que deixamos de temê-lo devemos deixar que ele volte para nossas vidas?

É difícil deixar que uma pessoa volte a nossas vidas depois de tanto tempo, mesmo que tenha consciência de que mudou, de que vocês dois estão melhores e mais maduros, sempre há o medo de ser magoada novamente, de ver a coisa toda dar errada outra vezes e se culpar por que você decidiu ver um filme repetido, cujo final você sabia de cor.

Mas como vocês sabem, viver não é preciso. Fernando pessoa uma vez escreveu: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto”.

O passado não á algo a ser descartado, ele ainda faz parte das páginas do livro que narram sua vida, como disse Fernando Pessoa, viramos a página, mas a história que contamos ainda é a mesma. Não se agarre ao passado esperando que as coisas ou pessoas que estiveram nele voltem a sua vida, mas se acontecer não interprete como sinal de fraqueza ou como um retrocesso, afinal a cada virar de página encontrará novas linhas a serem escritas, que apesar de “novas” pertencem as páginas que contam a mesma história,  a sua. Não há como evitar, é a vida, há que se viver.


Depois dos quinze;



 





 












 





 





 



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