Eles eram melhores amigos, sempre se viram como amigos, apenas amigos.
Eles saem e ao voltar para casa, ela sugere que ele durma na casa dela.
Ele aceita e antes de pegar o elevador, ele pergunta se a piscina está
aberta e ela diz que sim. Eles entram no elevador, apertam o botão e
param no playground do prédio.
— Tá frio demais, não vou entrar.
— Para de bobeira, vamos.
— Mano, não rola.
Ele não a escuta e começa a tirar a roupa.
Ela sorri. — Vai pra piscina pelado?
— Claro que não, tô de samba canção. Acho que você deveria fazer o mesmo.
— Usar samba canção?
Ele gargalha. — Tirar a roupa.
— Mas tá frio, velho.
— Vem logo. — Ele pula na piscina. — Mano, tá boa a água. Vem cá sentir.
Ela dá dois passos para perto da piscina e se abaixa. — Não me puxa. — Ela coloca a mão na água.
— Viu, tá boa. Vem logo.
— Vira pro outro lado, tenho vergonha.
Ele ri. — Para de ser idiota, como se fosse muito eu te ver.
— Já virou?
Ele se vira. — Vai logo.
Ela tira a roupa e vai em direção à piscina, o vê olhando para ela.
— Eu mandei virar.
— Eu virei, mas cansei.
— Idiota. Me ajuda a descer porque não quero molhar o cabelo.
Ela enrola o cabelo e se senta na borda da piscina. Ele a olha, a encara e sorri.
— Tá olhando o quê?
— Nada, segura minha mão.
Ela segura e desce. — Morreu? Tá fria?
— Um pouco.
Ele mergulha, ela fica parada. Ele levanta em frente à ela e continua a encarando.
— Que foi?
— Nada, só tô… te olhando.
— Tá olhando engraçado.
— Como?
— Sei lá, tá com olhinho de cachorro.
Ele sorri e dá um passo para perto dela. — E isso é bom?
— Não sei. — Ela dá um passo para trás.
— Acho que é bom. — Ele dá dois passos para perto.
— Porque seria? — Ela se afasta.
— Nunca olhei assim pra você. — Ele dá mais dois.
Ela sorri. E ao ir para trás, bate na parede da piscina.
Ele percebe que seus lábios estão roxo, tremendo.
— Tá com frio?
E com a cabeça ela responde que sim. Passa a mão em seu rosto para secar
as gotas de água que por ele escorriam. Ele segura suas mãos e a puxa
para perto. Seus corpos se colam.
— Melhorou?
E novamente ela responde que sim com a cabeça.
— Porque não fala?
E sussurrando ela responde: — Momento bonito demais para eu estragar com minhas bobeiras.
Ele ri. — Gosto das suas bobeiras.
— Você diz que sou idiota, então não gosta.
— Eu gosto, me faz bem.
Ela sorri e encosta sua cabeça em seu ombro, já não alcançava mais o chão.
— Ei.
— Oi.
— Porque me olhou daquele jeito?
— Que jeito?
— Aquele bonitinho.
— Qual? Esse? — Ele coloca suas duas mãos em seu rosto e o leva para
frente do seu, olha em seus olhos e sorri. Ela o encara por alguns
segundos e o beija. Se beijam por mais de cinco minutos e ao terminar,
ela sorri e diz: — Esse mesmo.
— Porque eu tô gostando de você.