Integorrei-me a mim mesma muitas vezes
acerca da razão e do sentido de minhas fúrias.
Creio que elas se explicam, em parte,
por uma vitalidade fogosa e por um extremismo
a que nunca renunciei completamente.
Levando minhas repugnâncias até o vômito,
meus desejos até a obsessão,
um abismo separa as coisas de que gosto das que não gosto.
No fundo da lei que me esmaga, eu entrevi um vazio vertiginoso.
Nesse abismo é que eu sumia, a boca rasgando-se em gritos.
Por que me obrigam a isso?
Essa sensação de liberdade nunca é real.

(Simone de Beauvoir)

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