Andanças
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Olho os dois pés que descansam de suas viagens.
Os dedos, são dez, imóveis conversam entre si.
Aconselho-me com eles, afinal
são pés sábios, correram terras,
pularam abismos
subiram montanhas;
aconselho-me com eles
mas não sei a que corpo pertencem
membros desconhecidos
magros, ossudos,
lembram os pés de meu pai.
Verde-azuis as veias saltavam
num grito ao mergulharem na bacia.
Quisera tivessem asas, pensei.
Mas sobravam cores nas unhas
e uma certa impaciência
tão reconhecíveis agora
depois do banho
dentro das meias
sob as cobertas,
meus pés sou eu.
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Rosane Ramos
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