POR QUE ME CATIVAS?
Diante do teu olhar encantado, derrubo as muralhas que por tanto tempo cultivei.
Meus sentidos reverenciam a atenção que me concedes e a cada bom dia, mais um sol
nasce do meu sorriso anoitecido pela saudade. Há em teu toque quase real, um quê de
um desejo diferente.... Desses que invadem corpo, alma e mente.
Mas ao abrir da janela por onde te deixo entrar nesse paraíso que se perverte ante
aos pecados teus, sinto-me invadida por um sopro de promessas curtas, que feito
furacão te leva da minha presença. E como quem acorda de um dèjá vi, parada nesse
mesmo lugar, percebo que tu, como quem planta flores sem a intenção de regá-las, se
vai como quem nada fez, como quem nada disse.
Feito miragem, te vejo ao longe transformando-se em horizonte sem nunca olhar de
verdade, a paisagem na qual me transformei. E na repetição dessas horas, sorrindo
quando chegas e entristecendo-me quando vais embora... A cada novo por do sol,
renasce a mesma interrogação:
- Afinal de contas... Por que me cativas?
Gil Façanhas
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