Metamorfose
Até que fosse o pássaro
Livre do invólucro
Asas verdes
Olhos em brasas
Em brasa o corpo
Em chama o ventre
E dentro e entre
O me que apaixona e me domina
O que em mim começa e termina.
Até que fosse o soluço
O poço
O músculo ileso sobre o osso
O moço
Até a ultima centelha na fogueira
Soprando entre as esferas
Espirais de luz em cores
De primaveras
Até que fosse primavera
E o muro revestido de hera
E minha ultima quimera
Até que fosse o silêncio
De tudo quanto eu penso
Até que eu me tornasse a mesma
Que mora sempre em mim
A espera do meu corpo enlouquecido
Que vai me despindo como um velho vestido
Deixando-me nua do que não sou eu,
Até que eu tenha realmente renascido,
Fecho os olhos e vago a esmo
Entre a Terra e o céu.
Até que eu torne a ser eu.
(Claudia Morett)
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