Apesar de parecer que foi ontem, já se passaram mais de 30 anos desde que eu estive em San Francisco para assistir ao show de Elvis no dia 28 de novembro de 1976 no Cow Palace. Eu já tinha ido aos Estados Unidos por várias vezes sem conseguir ver um show de Elvis, mas desta vez eu não iria perder. Graças a Hedy Drissen e ao gerente do Cow Palace, John Root, conseguimos lugares na primeira fila, o que era um prêmio inacreditável. As preliminares antes do show - a apresentação dos músicos de Elvis - passou quase despercebida pelo público, que conversam entre si sobre Elvis. Apesar do que possam dizer todos os livros, o Coronel Parker estava sempre presente a dar uma última checada em tudo antes do show.



E como nós estávamos com camisetas de nosso fã clube, acabamos chamando a atenção dele e eu tive o prazer de falar com ele. Apesar de muitas opiniões em contrário, achei que ele era bastante amigável e incrivelmente sincero e honesto nos seus comentários. Quanto a Elvis realizar shows na Austrália (rumores que havia na época), ele respondeu-me com um "Não" muito firme. Ele foi honesto quando disse: "O dinheiro não está na Austrália" e que se Elvis fizesse uma turnê mundial, seria no Japão. Mais tarde acabou dizendo que Elvis não estava realmente interessado em turnês fora dos Estados Unidos, exceto talvez na Alemanha, que estava nos planos para 1978, uma vez que ele queria agradecer aos alemães pelo hospitalidade durante o tempo que esteve lá servindo o exército (hoje a gente sabe os verdadeiros motivos porque o Coronel nunca quis levar Elvis para fora dos Estados Unidos). Nós (eu e a minha primeira mulher, Gina) tivemos a oportunidade de conversar com uma senhora muito bonita e simpática chamada Linda Thompson, que estava sentada ao nosso lado na fila da frente.



"Casamento?" foi a primeira palavra que saiu da boca de Gina a qual recebeu de Linda, um rápido "...não está realmente nos nossos planos...". Ironicamente, foi nessa mesma noite que Linda e Elvis terminaram a sua relação. Podem-se ler várias datas em várias fontes sobre o dia exato, mas parece que só o irmão dela é quem tem a data correta no livro dele. Mas naquela noite não havia o mínimo sinal do que iria acontecer, pois Linda foi várias vezes junto do palco para pedir um lenço a Elvis (que acabou dando um para minha esposa). Naquela noite Elvis estava excepcional. Apesar dos rumores sobre a sua saúde, ele parecia vibrante, bronzeado e hábil. A primeira coisa que nos chamou atenção foram os seus olhos azuis. Tenho a certeza que cada uma daquelas dezessete mil pessoas que estiveram no show, sentiu que ele as olhava diretamente a cada um. Elvis cantou umas 23 canções e provou que ainda tinha a magia que conseguia levar o público ao êxtase. Perto do final do show, Elvis pediu a sua guitarra, “... apenas para provar que sei tocar..." disse ele, e cantou as fantásticas Blue Christmas e That´s All Right. Foi num ápice que tudo acabou. A maior parte da multidão parecia não querer ir embora. Elvis tinha-nos atingindo como um raio naquela noite...