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Elvis Presley
A guitarra que eu dei para Elvis...
Por: Jim Curtim

Eu me tornei um fã de Elvis em 1956, quando assisti à sua apresentação no The Ed Sullivan Show. Eu vi algo especial nele. Na medida em que fui crescendo, minha coleção de itens relacionados a Elvis aumentava. Eu me tornei um colecionador a partir de 1962, e consegui através desses anos, juntar uma das maiores coleções de artigos elvísticos do mundo. Isto foi resultado de muito amor, perseverança e dedicação.

Quando ele fez o seu retorno através do especial de televisão de 1968, algo dentro de mim gritava: “Eu quero ser parte deste tremendo ser humano...quero ser amigo dele”. Viajei várias vezes a Memphis e segui suas turnês por todo o país. Por volta de 1970 ele já sabia de minha existência. Ele tinha visto meu rosto tantas vezes em seus shows e nos portões de Graceland, que eu já lhe era familiar. Eu fui convidado a participar de suas reuniões para assistir a filmes nos cinemas de Memphis e me tornei um dos membros da multidão que o acompanhava. Eu me vi logo na companhia de Elvis e nunca poderia ter imaginado aquilo.

Depois de três anos com Elvis, eu comecei a querer mostrar para ele o quanto gostava dele. Eu queria me separar dos outros fãs, ser seu amigo. Eu precisaria fazer algo que ninguém ainda tivesse feito. A única maneira seria comprar-lhe um presente que tocasse o seu coração. E em 1973, eu fiz algo que a maioria das pessoas chamaria de loucura: eu encomendei uma guitarra Gibson J-200, feita sob encomenda especial a Gibson Guitar Corporation, em Kalamazoo, Michigan. Eu queria mostrar a Elvis o quanto eu o admirava e queria que ele sempre se lembrasse de mim. O violão que eu projetei era preto com seu nome gravado no braço. Na frente do violão e em cada lado do nome de Elvis, estaria embutido a figura de coroas, gravadas em madre pérolas. O violão me custou mais de 2 mil dólares. Eu também encomendei uma caixa especial para o violão com a seguinte inscrição: “Para o maior cantor do mundo, performer e entertainer. De seu amigo, Jim Curtim...”

Na segunda-feira, 26 de agosto de 1974, eu comprei duas passagens aéreas da Philadelfia para Las Vegas. Uma passagem era para mim e outra para o violão. Eu não queria que meu presente especial para Elvis fosse colocado no compartimento de bagagem, onde poderia sofrer algum dano. Quando cheguei a Las Vegas, me hospedei no Hilton Hotel. Após deixar minhas coisas no quarto, dirigi-me ao escritório de Emilio, o responsável pelo salão de apresentações do Hotel. Ele sempre cuidava bem de mim quando eu estava em Las Vegas.

Voltando para meu quarto, no meio do caminho acabei encontrando por acaso o pai de Elvis. Depois de trocar apertos de mão, eu lhe falei sobre o violão feito sob encomenda especial para o seu filho e perguntei por Elvis. Vernon disse que eu teria de voltar com hora marcada, porque Elvis estava muito ocupado no momento. Vários dias depois, durante espetáculo da meia-noite, em 31 de agosto de 1974, Vernon sentou-se nos camarotes VIP perto de onde eu estava. Aproximei-me dele e disse que o violão não estava comigo, eu o havia deixado no meu quarto. Vernon disse que me chamaria na hora certa para encontrar-me com Elvis.

Eu recebi uma chamada de Vernon pouco depois das quatro horas da manhã. Antes de entrar no elevador, que me levaria ao 30.º andar, eu conferi se estava tudo em ordem com a guitarra e peguei minha câmera fotográfica. Quando eu bati na porta do quarto de Elvis, Vernon disse, “Entre Jim. É bom ver você novamente”. Eu me sentei no quarto e me ofereceram um refrigerante. Vernon pediu que eu entregasse o violão a Charlie Hodge, para que ele o afinasse antes de entregá-lo a Elvis. Quando tirei o violão da embalagem, eles ficaram perplexos. Nunca haviam visto um violão tão bonito e disseram que Elvis iria adorar. Enquanto Charlie afinava o violão, eu e Vernon conversamos sobre os últimos acontecimentos.

Vinte minutos depois, Elvis entrou no quarto. Ele olhou para mim e disse: “Olá Jim. Falo com você em um minuto”. Quando ele voltou do quarto, vinte minutos depois, estava magnífico. Estava vestindo um robe azul enfeitado com pedras, uma camiseta amarrotada e de shorts. Eu podia ver suas botas pretas e meias. Que visão!!! Elvis aproximou-se de mim, apresentou-me a sua atual namorada, Sheila Ryan e sentou-se no sofá e pediu para que eu me sentasse perto dele.

Nós já estávamos conversando por um bom tempo quando peguei o violão. Vendo que o momento era perfeito, eu lhe falei que tinha um presente para ele. Quando abri a caixa, olhei sua face para ver sua expressão. Ele ficou aturdido quando viu o violão. Ainda me lembro de sua expressão até hoje. Ele ficou olhando para o violão enquanto eu o entregava. Elvis perguntou onde o havia conseguido, eu respondi: “Elvis, assisti ao seu filme That´s The Way It Is e notei seu violão com as estrelas no braço. Você é maior que uma estrela. Você é o Rei”.

Ele colocou o violão sobre a mesa, e com lágrimas nos olhos ele disse: “Venha aqui” e me deu um longo abraço. Tentou me dizer obrigado mas estava engasgado. Ele me segurou naquele abraço por uma eternidade e eu podia ouvi-lo chorar suavemente em meu ouvido. Partiu meu coração ver Elvis reagir daquela maneira. Um ou dois minutos depois, Elvis me soltou e pegou o violão, apoiou seu pé sobre a mesa de café. Ele começou a tocar e cantar, “Baby What You Want Me to Do”. Eu estava completamente maravilhado. Nunca pensei que assistiria a um show particular de Elvis.



Eu pedi para que Elvis posasse comigo para uma foto e ele chamou Joe Esposito para manejar a câmera. Depois que a primeira foto foi tirada, Elvis pediu a Joe que fizesse mais uma, por segurança. Depois que a fotografia foi feita, nós falamos sobre o violão e então tirei alguns objetos que trouxe para serem autografados, incluindo algumas fotografias minhas, segurando o violão e dois discos originais da Sun. Elvis autografou tudo. Em uma das fotografias ele escreveu: “para Jim, obrigado por seu bonito presente, Elvis Presley”. Ele me disse que era uma coincidência eu ter dado a ele um violão, uma vez que ele havia encomendado a seu joalheiro, uma correia personalizada com pedras turquesas, para usar com o violão. Assim que ele recebesse a correia, ele a usaria com o novo violão.

Eu fiquei sabendo que Elvis estava lançando freqüentemente suas guitarras a Charlie Hodge no final de suas apresentações, e eu tive medo que o meu presente tivesse um fim intempestivo durante um destes momentos. Eu expressei minha preocupação: “Elvis, eu sei que as vezes você lança sua guitarra sobre os ombros para que Charlie as segure. Eu tenho medo que você lance esta e ela se quebre. Se isto acontecer, meu coração irá sair pela boca”. Tentando me aliviar, Elvis disse: “Não! Eu não quero destruir esta guitarra. Ela é muito bonita. Eu a usarei em alguma canção especial ou para algum especial de televisão!” Eu fiquei honrado com a promessa dele.

Aproximadamente uma hora depois, eu achei que já era hora de partir. Eu sabia que Elvis estava cansado depois de sua última apresentação. Naquele momento, Elvis levantou-se e me abraçou novamente dizendo que havia gostado muito do presente. Ele disse que iria sempre valorizá-lo. Enquanto eu caminhava até a porta, Vernon veio até mim e colocou suas mãos em meu ombro dizendo: “Gostei muito do que você, Jim. Tenho certeza de que ele gostou muito”. Eu agradeci a Vernon por ter me dado a chance daquele encontro.

Naquele mesmo dia, fui ao Dinner Show. Quando o Rei surgiu, ele estava maravilhoso, feliz e em boa forma. Depois de sua primeira apresentação ele lançou sua guitarra a Charlie Hogde, que não conseguiu segurá-la. Elvis olhou para mim e riu do fato. Ele queria que eu pensasse que aquela era minha guitarra e deu boas risadas em cima disto. Ao final do espetáculo, Elvis pediu para que o refletor fosse em minha direção e disse a toda platéia, “Este jovem me deu uma das guitarras mais bonitas. Ele a encomendou diretamente da Gibson...” Ele olhou para Charlie Hodge e pediu-lhe a guitarra. Ele disse a Charlie que a havia deixado perto da escada. “Eu queria convidar todos vocês para irem ao meu apartamento depois do show para ver isto”. A platéia ficou maluca. Elvis me agradeceu novamente, me deu um lenço e disse que havia gostado muito.
Na noite seguinte, 02 de setembro, seria o show de encerramento em Las Vegas. Quando o tema de 2001 encheu o salão, as cortinas se abriram lentamente e eu vi orgulhosamente a minha guitarra no palco. Meu coração acelerou. Elvis tinha colocado a guitarra em exposição para que todos a vissem. Eu passei a amá-lo ainda mais depois daquela noite. Ele estava realmente orgulhoso de meu presente.

A única coisa ruim naquela noite era que eu não havia conseguido um bom lugar. Executivos da RCA estavam na cidade e eles estavam sentados nas mesas próximas ao palco. Eu fui obrigado a sentar-me uma seção atrás. Quando Elvis surgiu, ele olhou minha guitarra amorosamente e então procurou-me na frente onde eu normalmente me sentava. Eu fiquei sabendo recentemente que ele queria me dedicar uma canção especial usando a guitarra, mas desistiu quando não me viu. Durante todo o espetáculo eu o vi olhando de um lado para o outro nas cadeiras da frente e acredito que ele tenha sentido minha falta.

Durante a canção final do show, Can´t help Falling in Love, Elvis virou e pediu para que Charlie lhe desse a guitarra. Charlie segurou o microfone perto da boca de Elvis enquanto ele tocava o instrumento por vários versos da canção.

Meu coração encheu de orgulho e alegria. Elvis era maior! Quando ele terminou a canção, deu inicio a música de encerramento. Eu não consegui me segurar... corri até o palco. Elvis veio até mim e apertou minha mão. Ele apontou a mim e disse a platéia: “Este é o sujeito que me deu esta guitarra! Este é...o sujeito que...me deu esta guitarra!!”





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