Eu poderia numerar por categorias tudo o que gostava da minha infância, porque o que envolve os meus Avos me enobrece, enriquece, ainda mais quando estou com problemas e penso em tudo o que já vivi com eles, e vejo o quanto chão ainda tenho que seguir, e que se eu o faço não é somente por mim, mais por terem acreditado em mim, em tudo o que me foi oferecido por eles. Mais uma das coisas que mais sinto falta é das conversas com o Vovô, coisas simples, mais que faziam toda uma diferença. Lembro-me que eu comecei a me interessar por escrever e leituras ainda bem menina, tudo que se tratava disso eu era bem curiosa apesar de ser uma criança bem tímida. Vovô sempre falava muito das pessoas, do mundo lá fora, o que ultrapassava a margem do rio da nossa fazenda, e eu ficava intrigada com as coisas que me contava, às vezes passando lições, outras apenas me contando casos. Mas numa noite ele sentou comigo lá fora na varanda, e a gente sentado vendo as estrelas como de sempre, e ele com o violão sob as mãos, o colocou num canto ao lado dele, e tirou uma bala de mascar do bolso. Ele olhou pra mim, e me disse: Filhotinha, eu não sei quanto tempo eu ainda vou estar contigo, mas quero que de tudo o que já eu dividi e compartilhei contigo, não se esqueça do que vou lhe dizer agora. Balas como estas são como pessoas, algumas por dentro tem a embalagem mais atrativa do mundo mais que quando se sente o sabor não é tão doce o quanto pareceu ser, outras não vão ter um embrulho todo enfeitado ou com cores brilhantes ou fitas personalizadas, mais que quando você as experimentar vai sentir um sabor dentre a sua vida que jamais conheceu, uma alegria incontável, seja essa pessoa revestida de quaisquer relações humanas que tu tiveres no decorrer da sua vida. Digo isso Filhotinha porque nem todas as pessoas que encontrar, são boas, existem pessoas más no mundo, que fingem ser o que não é, seja por inveja, ou mesmo porque no coração não sabe cultivar sentimentos ternos, ou outras são assim por mal caráter mesmo. Daí depois que ele disse isso, não sabia muito o que dizer, só indaguei: Mas como vou saber distinguir uma da outra? E ele com um ar sério, respondeu, daí segurou a minha mão e disse: Filhotinha, eu não vou ter tempo o suficiente como gostaria pra te ensinar tudo ou te proteger da maldade do mundo e das pessoas, mas quando chegar à hora de separar o que lhe serve e cabe na sua vida, diante de tudo o que eu e a sua Avó lhe ensinou, você só vai precisar sentir com o coração e vai saber quais as pessoas quem deve confiar e manter na sua vida, aquelas em quem vai querer estar contigo como se fosse à última coisa que almeja na vida, porque é assim que eu me sinto mais a sua Avó quando olhamos pra você, e o prazer que temos por tê-la em nossas vidas. Mas cuidado! Não faça jamais algo pra essas pessoas esperando algo em troca, tudo de mais lindo na vida é simples como essa folha quando cai no chão, não é a toa que até mesmo o outono tem o seu encanto.