O domingo tem essa coisa mágica de ser uma pausa no tempo, um intervalo de paz antes que a roda da semana comece a girar novamente. Envolto na serenidade das manhãs mais lentas, das tardes preguiçosas que se estendem como se estivessem adiando a inevitável chegada da segunda-feira, o domingo é uma tela em branco, um espaço para respirar e se deixar sentir. Não é raro associar o domingo a um sentimento de melancolia, uma espécie de pré-saudade do fim de semana que está indo embora. Mas proponho uma nova leitura desse dia que transita entre o descanso e a antecipação: Enxergar o domingo não como um fim, mas como um prelúdio. Prelúdio de uma semana repleta de possibilidades, de dias que ainda não foram escritos e que carregam em si o potencial para serem incríveis. Dias em que podemos acreditar na possibilidade linda da vida nos surpreender e nos apresentar o novo. É no domingo que reconectamos com a nossa essência, que nos permitimos ser mais lentos, mais gentis, mais presentes. É no domingo que as ruas estão mais tranquilas, que as famílias se reúnem e que os parques se enchem de sorrisos e risadas inocentes. É um dia para cuidar da alma, para ler aquele livro que está na estante esperando a nossa atenção, para preparar uma refeição com amor, para sorrir para nós mesmos no espelho e agradecer por tudo o que temos e somos. Se quisermos, o domingo pode ser somente uma gentil lembrança de que a vida sempre poderá nos apresentar novos começos, novas chances de ser feliz. Domingo, seja de dia ou a noite. Ah, esse momento tão único da semana que traz consigo uma mistura de sensações. Pela janela, enquanto tomo o meu chá e continuo a escrever, o mundo vai diminuindo a velocidade durante o tempo em que o dia vai passando, dentro de mim, um sentimento estranho, quase agridoce, vai tomando forma. Sinto como se o domingo fosse como um farol solitário no meio de uma tempestade. Ele brilha com uma luz de descanso e recomeço, mas ao mesmo tempo, o escuro ao seu redor sussurra o convite de uma nova semana. É como se esse momento me convidasse a mergulhar no oceano das minhas mais íntimas reflexões e fazer um balanço dos últimos dias e, quem sabe, até das últimas semanas ou meses. O domingo não é sobre tristeza ou melancolia. Na verdade, para mim, é sobre recomeço e redenção. Uso ele quase sempre para não deixar a vida passar diante dos meus olhos sem realmente parar para olhar. Estamos sempre correndo, sempre buscando, sempre esperando o próximo grande passo. E, nessa correria, muitas vezes nos esquecemos de olhar a vida com a serenidade necessária. Esses pequenos momentos de clareza que encontro no domingo, sem dúvidas, me ajudam a encontrar a luz, mesmo nos dias mais escuros. Assim, sinto o domingo como o meu porto seguro, pois, como sempre digo, sei que cada novo amanhecer é uma nova chance de escrever a minha história, e cada pôr do sol é um lembrete de que, não importa o quão difícil seja o dia, sempre haverá beleza no final.