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"A gente sempre precisa ver o mundo por outro ângulo. Assistir ao que ainda não se passa na televisão e enxergar atrás das muralhas que se estendem para ocultar a verdade. Precisamos admirar o abstrato e ver até mesmo onde vista não alcança. Se não o fizermos, o mundo perderá a cor. E a cegueira a que me refiro é aquela que tapa os olhos da alma, nos impedindo de ver a sujeira se acumulando entre as lacunas da vida. Somos sempre abençoados com o dom da visão, mesmo que este sentido não esteja literalmente conectado aos planetas que orbitamos nos olhos. Algumas pessoas enxergam o mundo através da escrita, observando os cosmos do universo entre suas metáforas. Outras o veem pelo reflexo dos espelhos, juntando o incompleto e acertando-se entre os seus erros. Músicos observam o mundo sob suas partituras, matemáticos entre incógnitas impossíveis e todos nós pelo amor. A maneira como todos enxergamos o mundo em frente aos nossos olhos é o que nos faz autênticos. Só é cego quem não conseguem sentir e admirar as coisas com a alma. Pois a pupila é a nossa verdadeira identidade."

"O que me inspira é o cheiro de café quando acordo, os sonhos incompletos terminados na imaginação, música dos Beatles e abraços apertados de quem amo. As minhas blusas de frio (mesmo no calor), os paradoxos e cada poesia com gosto de simplicidade do Mário ou da Cecília. E a cada vez que abro a janela, mesmo em meio a tantos números cáusticos, inspiro um pouco de estrela e liberdade. Um pouco de paz que não pode ser escrito no meu drama, um tico de literatura que ainda não li nem mesmo em Pessoa. Eu me inspiro no reflexo dos óculos dele, nos olhos aquarélicos dos meus amigos. Em inventar palavras e desinventar realidades. No azul e no vermelho, e talvez também no roxo que é o elo entre mim e qualquer certeza. Eu me inspiro na falta de margem da máquina de escrever, nos rios de água gelada que correm nas entrelinhas. Em filmes e silêncios, preto-e-branco e cor do Sol. Nas cartas que eu envio e naquelas que eu não tive coragem, e em cada texto bonito que deve existir no mundo e nunca foi lido por ninguém. Em bibliotecas vazias e nunca sós, e na presença de todas as páginas grudadas em minha retina/rotina. Bala de café, nuvens, caramelos da casa da minha avó, nas memórias dos meus cachorros. No cheiro do mar, da terra molhada, de chuva e de pão de queijo que sai do forno. Em minhas viagens internas, em discos antigos, acordes do violão, azulejos, cavalos-marinhos, fotografia e metáforas. Me inspiro em coisas que você não entenderia, que eu não entendo, que são essencialmente loucuras dançando sob uma folha de papel. Em tudo que me faz bem sem dificuldade, bonito, simples e sem palavras difíceis que eu desconheço. Peço desculpas, mas é nisso que me inspiro. Não em egos inflados, política e assuntos sérios. Eu gosto da minha estranhice, dos pássaros que migram em meu peito e de viver assim: Expirando o que eu sou (E o que eu não sei se sou)."

— Unirversos


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