Depois penso que não tenho o direito de julgar
ninguém, que cada um pode — e deve — ser o
que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida,
minha outra parte sussurra em meus ouvidos
que aí, justamente aí, está o grande mal
das pessoas: o fato de serem como são e ninguém
poder fazer nada. Só elas poderiam fazer
alguma coisa por si próprias, mas não fazem
porque não se vêem, não sabem como são. Ou,
se sabem, fecham os olhos e continuam
fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem.
Caio Fernando Abreu
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