UMA PRECE NO ABISMO
Preciso descer as escadas pra falar com Deus.
O porão guarda os restos de um passado que não é meu.
Jovialíssima entre a poeira e o mofo, minha voz ecoa.
Ainda assim traz notas ancestrais.
De sentir demais e clamar demais
As frases e palavras a reter espantos entre o sempre e o nunca mais.
Reclamo uma presença que não habite ali dentro daqueles velhos livros
E objetos inúteis.
Exijo uma resposta que não há e um sentido que não compreendo.
Fecho as portas de armários roídos e compartilho a dor com os insetos,
Com meus olhos incertos, meus jardins desertos, meus desafetos...
Acabo respirando um tempo estranho e compreendo olhando as coisas velhas
O tempo pouco que já não tenho,
O mundo antigo de onde venho .
Quão inúteis são as minhas guerras!
Claudia Morett
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