“Triiiiiiim, triiiiiiiiim… Triiiiiiiim, triiiiiiiiim”.
E logo se anuncia uma nova rotina. O sol nasce, fumaças sobem, e a velha rotina se repete. Banho, se arrumar, café, trânsito, transporte público lotado, stress, sol, poluição, pegar o mesmo trânsito e o mesmo transporte público na volta, academia, faculdade, jantar, ver TV, e a sensação de se sentir cada vez mais sozinho, mesmo estando no meio de milhões de pessoas. Normal, todo mundo é igual.
Não somos mais conduzidos pelo que queremos. Quem manda são nossos interesses, contas a pagar. Muitas vezes, quem determina se a gente anda ou para são as cores: vermelho, amarelo ou verde. Inventamos regras e leis para nos auto-domesticar, pois sabemos que somos os animais mais irracionais que existem. Podemos pensar, mas quase ninguém o faz como se deveria.
Estão todos espalhados entre os faróis dos carros, em lojas de shopping’s, te controlando, dizendo o que fazer e como fazer. E a vontade de sair correndo? De sentir o vento bater, de subir a montanha mais alta, ver os pássaros voando, ver o mar bater nas pedras? Restabelecer os valores, os laços, as histórias, os aprendizados, os momentos. Sempre há uma voz que te guia pro caminho mais adequado pra ti.
A chuva determina que é hora de tirar a roupa do varal, e o vento gelado pede aquela blusa de frio cara que fica encostada no armário a maior parte do ano.
Nos enfeitamos, arrumamos o visual, carro do ano, celular, interação, instagram, tecnologia, um mundo em um clique. E o que surgiu pra aproximar as pessoas, serve mais pra afastar. Pessoas numa mesma mesa de jantar, todas olhando e/ou mexendo em seus respectivos celulares. Acredite, não é exagero de minha parte, é realidade. Muita cobrança, muita movimentação, muito disse-me-disse, muita picuinha, muita dor de cabeça, preocupação, muita obsessão, ganância, muito egoísmo.
A imensidão azul do céu e do mar deveriam ser mais valorizados. Assim como o sol nascendo e o sol se pondo, a lua aparecendo e dando tchau, nos deixando com saudade daquele brilho forte e intenso que ela causa no céu escuro. Árvores, animais, paisagens, paz, liberdade, aprendizado, perigo, medo, encanto, sorriso, lágrimas, felicidades. A imensidão de montanhas, matas de vários tipos e plantações nos mostram como a natureza é castigada pelo ser humano.
O ser humano tem por interesse querer se destacar. Alguns usam a inteligência, outros a liberdade, uns a verdade, mas ainda tem gente que prefere usar a vulgaridade, a bunda grande, o decote que só cobre o bico dos seios, som alto no carro – fazendo barulho chato pra caralho mais conhecido como funk -, roupas de marca, celulares cada vez mais modernos e que cada vez menos parecem com celulares.
Tudo por status, manter a boa imagem, e assim por diante. Grande bosta, a gente perde a vida atrás de leis e regras que nos colocam máscaras e poses, só pra fingir que isso é vida. A gente perde a vida atrás de dinheiro, sucesso, produtos, comprar, comprar, comprar, comprar, e esquece que o valor é mais importante que o preço das coisas. Assim, a vida vira um grande teatro, e o grande personagem deixa de ser você pra ser quem a sociedade quer que você seja.
Mas afinal, o que realmente segura sua bunda nessa cadeira fedida de escritório, que muitas vezes você mais reclama do que elogia o local onde está?
Pior do que vender a alma, é vender a liberdade.via:Ju dite
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