« Anterior 09/03/2025 - 20:14
Tem dias que a gente acorda meio que com o coração nublado, mesmo o dia estando lindo e com um sol radiante do lado de fora. Dias como estes, eu acabo ficando mais em silêncio, mais reflexiva, tendo conversas internas e tentando alinhar os meus pensamentos, principalmente sendo mais racional, e colocando os meus sentimentos no modo avião. Na realidade seria muito bom se a gente conseguisse sempre que necessário, ficar no modo não perturbe, meio que se desligar do mundo e de nós mesmos, tirar um pouco da carga que nos pesa não só os ombros, mas também a mente e a alma. Eu sinto que ando crescendo, ficando mais madura, mudando de muitas formas e em vários aspectos, e mesmo que isso doa muito, e me traga muitos questionamentos, acredito que seja necessário. Eu ainda estou seguindo no meu processo de cura, fazendo as pazes com partes minhas e com as minhas versões do passado, e mesmo sem uma bússola para me direcionar em alguns momentos da vida, como este agora, eu sei exatamente quem eu não quero mais ser e sei também quais são os lugares que eu não pretendo mais voltar. Eu quero continuar sendo real, me mostrando como exatamente eu sou, mesmo com as minhas partes quebradas, as minhas cicatrizes, elas não me definem, mas são um mapa que mostra, por onde eu já passei e estive, fazem parte da minha essência, da minha grandeza, o meu maior traço de humanidade.
Os meus sentimentos sempre me transformam de alguma forma, e muitas das vezes eu sempre me sinto presa com relação a eles, eu sou muito fiel ao meu sentir, mas aos poucos eu tenho aprendido a me libertar disso, a tirar essas amarras, mesmo que em parcelas muito pequenas ainda. Dias como estes, sempre me deixam mais sensível e vulnerável, meio que o coração se parte, algo se quebra, em contra partida me sentir assim, me aproxima mais da minha fé, da minha espiritualidade, eu acabo deixando a minha conexão comigo mesma mais forte, eu passo a me olhar mais do lado de dentro, e internamente eu vejo o quanto eu ainda estou viva, o quanto os meus sinais vitais pulsam e gritam com mais vontade e fervor, e que nem se eu bebesse toda água do mar, encheria tudo o que eu tenho de fundo aqui dentro.
Certa vez eu li, que os balões têm o poder de fazer voar os seres que não tem asas, o que de fato é uma verdade pra nossa espécie, mas esse dizer pra mim não faz sentido, pois pra voar não se precisa de balões, aviões, só precisa se permitir, se libertar, focar nas tantas possibilidades que temos, seja pra nossa própria construção, quando se estende a mão pra construção do outro, e até mesmo quando você precisa aceitar e compreender que abrir mão de algo ou alguém, também é sinônimo de afeto e respeito. A mesma coisa acontece quando um elefante fica preso, amarrado em uma corrente, se ele soubesse da força que tem, ou se lhe fosse ensinado a se soltar, já teria o feito. Sejam balões, elefantes, as pessoas também ficam amarradas a barbantes, e correntes, mas quando aprendem a alçar voo, aí sim, acredito que entenderam o valor e o real sentido da vida. Isso é uma das coisas mais extraordinárias que pode nos acontecer. Mas isso não quer dizer, que conseguir voar com as próprias asas é algo que se faz com rapidez e facilidade, pelo contrário, requer esforço, coragem e ousadia, e talvez eu ainda esteja usando paraquedas, mas me sinto boa o suficiente pelo menos por estar tentando. Ter propósito talvez seja isso, trilhar um caminho, tendo consciência e sabedoria que é nisso que você acredita, que essa é a sua verdade.
Como dizia Caio Fernando De Abreu: Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei. Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento. Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superfície da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — Gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas. Não sei muito, também não tenho muito, também não quero muito, mas estou aprendendo a respirar o ar das montanhas.

— .(Escrito dia 09/03/2025, ás 08:18).


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