Eu desativei o meu Instagram já tem cerca de um mês, e era um movimento necessário que de fato eu precisava o fazer, eu adiei muito, mas às vezes nos acontece algumas coisas que meio que te empurra pra isso, e daí não tem para onde correr. Mas apesar de ter sido de forma meio abrupta, tem sido muito bom, me ajuda a ter mais foco, principalmente focar no que é importante pra mim. Tem momentos na vida que precisamos passar um tempo mais reclusos, introspectivos, uma reconexão consigo mesma, as crises existenciais nos acordam para as coisas boas que não percebemos. As redes sociais, são meios de comunicação importantes, mas usadas em demasia, triplica a nossa ansiedade, nos tira tempo e qualidade de vida, fora que muitas das vezes elas nos roubam algo precioso, o pensamento. São tantos reels que a gente rola no feed com tamanha diversidade de temas, que a gente meio que passa a ficar com preguiça de raciocinar, de ter pensamentos próprios sobre tal assunto. Sei que cada pessoa lida com isso de formas diferentes, cada qual com a sua vivência. No meu caso, senti a necessidade de fazer essa desintoxicação digital, e como tem me proporcionado bem estar, assim irei continuar. Eu desejo que possamos ser uma sociedade que não faz uma pausa somente com o objetivo de organizar-se individualmente, mas sim para compartilhar o desejo de sair dos incômodos ansiosos em abraços consigo mesmo e com muita gente. É tempo de entender o quanto estamos afastados de vínculos que podem nos fortalecer para um genuíno tempo de bem viver.
Antes de adentrar nesse tópico, quero esclarecer algumas coisas, sob o meu ponto de vista. As pessoas confundem educação com escolaridade. Escolaridade é aquilo que acontece dentro de uma escola, você vai lá e aprende a disciplina. A educação é um fenômeno que acontece o tempo todo, em tudo quanto é lugar. Está cheio de gente escolarizada que é mal educada, e tem gente que não tem escolarização e que é bem educada pra caramba. A educação não muda o mundo, pessoas educadas sim. Mas retomando o assunto do pensamento, a dificuldade que temos de pensar por si, começa com o nosso sistema educacional. Boa parte dos nossos anos no colégio, é meio que dar seguimento ao planejamento anual de um professor, muitas das vezes nem aprendia a disciplina, um dia antes da prova, dava uma aula revisando todo o conteúdo que iria ter na avaliação, a gente só decorava, tirava notas boas nas provas, alcançava a média, era algo bem automático. E com isso passamos anos e mais anos, com a mesma dinâmica, sem sermos instigados ao pensamento. Quero deixar claro, que estou relatando a minha prática exclusiva, alguém que estudou a vida toda em escolas públicas. Não culpo os professores que tive, tão pouco as escolas onde já estudei, pelo contrário, o nosso sistema é de fato muito falho, hoje mesmo me espanto em saber que alunos não podem mais ser reprovados, mesmo com médias péssimas, eles ainda vão para a série seguinte no próximo ano. Ou seja, um aluno em escola pública, não se precisa ter um ótimo desempenho ou se esforçar para se ter médias altas, de qualquer forma será recompensado. O que me acarreta indignação, é que é exatamente isso que o sistema quer, pessoas que não pensam, que não buscam conhecimento, são fantoches que podem ser facilmente manipuláveis, o sistema ganha mais com a massa que vive na ignorância.
Antes de migrar para o ramo alimentício, eu fiz um semestre de jornalismo, e nesse período de tempo eu tive uma professora que se chamava Juliana Junqueira, ela é jornalista, repórter, uma mulher bem conhecida aqui no meu Estado na área jornalística. Na época, a disciplina que ela nos ensinava, era a história do jornalismo. Ela era uma mulher inspiradora, você via o brilho nos olhos dela, a paixão que carregava pelo o que nos ensinava, era lindo de ver a forma como ela transbordava quando lecionava, e todos da sala ficaram hipnotizados pela sua aula/disciplina, não era à toa que as notas mais altas da sala, eram da disciplina dela. Eu tive poucos professores que me fizeram sentir esse encantamento, e para mim nunca foi a disciplina em si, mas o fato como a Juliana e os demais professores que passaram por mim, me causaram deslumbramento pelo pensamento, reflexão. Não era só simplesmente aprender uma matéria, mas sim pensar além da lógica, sair de fora da caixa, furar a bolha, ultrapassar o limite que limita o infinito do saber. Outro ponto importante, é que tem pessoas que fogem totalmente desse ciclo, assim como eu, que nunca aceitou o básico, e que mesmo só, lutava contra o sistema, quebrava as regras e buscava meios de adquirir conhecimento além do que me era somente ensinado na sala de aula. Vou dar um exemplo simples, um professor te passa como tarefa de casa essa pergunta: Como as nuvens são formadas, daí você responde: Nuvem é um conjunto visível de partículas minúsculas de água líquida ou de gelo, ou de ambas ao mesmo tempo, em suspensão na atmosfera. Este conjunto pode também conter partículas de água líquida ou de gelo em maiores dimensões, e partículas procedentes, por exemplo, de vapores industriais, de fumaças ou de poeiras. (Essa resposta você encontra na internet com apenas um clique, é ciência, tem comprovação). Mas e se ele troca a pergunta, e diz: Como você vê as nuvens? O que elas representam para você? Olha a diferença, muda totalmente o contexto, isso vai além só de uma teoria científica, é raciocinar e pensar sobre algo que talvez você nunca tenha parado para o fazer, é desse estímulo que estou me referindo aqui. Respondendo sobre as perguntas das nuvens, ela pode ter várias direções, pra algumas pessoas as nuvens podem representar um algodão doce branco com formatos e formas diferentes, para outros as nuvens podem representar espiritualidade, por residirem no Céu. Isso acontece muito comigo frequentemente, as pessoas me falam sobre temas que eu desconheço, porém eu sou extremamente curiosa, eu busco e uso meios de me informar com tal tema, entendo o que de fato é, mas daí eu o trago para o meu entendimento e compreensão, logo tenho a minha própria definição de como eu vejo tal assunto, como eu o enxergo, pois somos seres únicos, a forma como eu lido com tal tema depende das minhas vivências, sobretudo não fico presa a um único significado que eu encontrei em livros, revistas, jornais, internet, opiniões compartilhadas.

— .(Escrito dia 04/04/2025, às 08:49).